Textos sobre Adaptação



UM TOQUE ESPECIAL

Adaptação escolar
Dra. Evelyn Pryzant

O momento ideal para a criança ingressar numa escola é visível, as avós comentam, os vizinhos questionam e principalmente os pais percebem que só a companhia dos adultos já não satisfaz todas as necessidades de descobertas, do contato com outras crianças, a exigência de mais espaço, de brincadeiras novas. É quando o muro de casa se torna um limite evidente...

O início da vida escolar é um acontecimento significativo para toda a família, que terá dois grandes desafios pela frente: o ambiente desconhecido e a separação da mãe. Os pais podem e devem ajudar seus filhos neste momento tão importante.

A criança precisará ser preparada para começar a freqüentar a escola. Existem alguns cuidados básicos que facilitam o processo.

Visitar a escola, conhecer o espaço, se possível em época de aulas para ver as outras crianças brincando e interagindo entre elas e com as professoras, ajuda a formar a cena para sua imaginação.

O ingresso na escola não deve jamais coincidir com algum outro acontecimento importante na vida da criança, como uma mudança de casa ou cidade, uma doença grave, a separação dos pais, a morte de alguém próximo, ou mesmo o nascimento de um irmão. Nesses episódios ela necessita de um tempo de recuperação, adaptando-se primeiro à nova situação para depois adaptar-se à nova escola, é melhor esperar.

Quanto à escolha do período, é bom que se faça em função da criança. Se ela dorme até mais tarde, deveria ser matriculada no período da tarde. Se dorme depois do almoço, o período preferível é o da manhã. Para as mães que trabalham fora, o melhor é que o período coincida com o do trabalho.

De preferência, a separação deve se dar aos poucos. Existem escolas que permitem uma separação gradual, deixando a mãe ficar com o filho na sala de aula ou na escola, nas primeiras semanas. É importante que a mãe deixe claro que não o está abandonando e voltará para levá-lo para casa, fazendo o possível para buscá-lo na hora exata da saída, sendo honesta com a criança, despedindo-se dela quando for sair. Só assim ela poderá se concentrar nas atividades propostas, e deixar de olhar todo o tempo para porta para saber se sua mãe já desapareceu.

A possibilidade da separação materna dependerá muito da atitude emocional da mãe. Não é possível compreender os sentimentos de uma criança sem pensar nos sentimentos que envolvem os pais. O sentimento de uma mãe, que leva seu filho na escola no primeiro dia de aula, é muito similar àquele vivido pela criança.

A mãe que tem que deixar o seu filho para trabalhar, pode se sentir culpada por não estar com ele o tempo todo e acaba se achando a última dos mortais. Essa experiência é vivida com dor. Na verdade, qualquer separação causa dor mental. O fato é que somente através da falta da mãe, e da necessidade da criança sair em busca de suas necessidades, por seu próprio esforço, é que se dará seu desenvolvimento emocional. O sentimento de culpa é uma emoção natural deste momento, pois ao mesmo tempo que ter que separar-se pode parecer impossível, algumas vezes é um alívio.

Há uma grande ambivalência dos pais que por um lado desejam cuidar e proteger os filhos, e por outro também querem descansar e retomar suas vidas. Este sofrimento poderia ser menor se lembrassem que ser boa mãe ou bom pai não significa estar interagindo o dia inteiro com a criança. O que conta é a qualidade da relação quando estão perto. Uma mãe que se dispõe a refletir sobre suas emoções, sem medo, poderá ensinar seu filho a fazer o mesmo e repartir seus anseios, o que acabaria por unir ao invés de separar.

As crianças mais independentes muitas vezes são parte de uma família numerosa, ou filhos de pais que trabalham fora e que aprenderam a se organizar sozinhos, o que não garante que sua adaptação seja mais tranquila. É comum filhos únicos terem mais dificuldades, por estarem acostumados a ter todos os problemas solucionados pelos adultos, o que os torna despreparados para lidar com fortes emoções. A melhor maneira de ajudar a criança é deixá-la, sempre que possível, encontrar seu caminho para a independência.

A pré-escola é uma oportunidade que a criança tem de se desenvolver intelectual e emocionalmente, enfrentando as dificuldades sozinha, começando a lidar com outros adultos que não seus pais nem seus familiares. Por isso, ela deve sentir que o ambiente lhe oferece carinho, afeto e segurança, semelhante ao que sente em casa. Se a mãe constatar realmente um olhar triste na criança, que abarque todo o seu estado geral, deve falar novamente com a professora. Ela é uma pessoa fundamental na vida da criança e pode diminuir a importância da mãe, que deverá estimular seu filho quando ele estiver com medo, e mostrar-se o mais confiante possível. Evitar chacotas em torno dos temores infantis é algo que deve ser cumprido à risca. Tais temores desaparecerão por si só, quando a criança tiver experiência bastante para enfrentar as vicissitudes da vida.

Graças à educação em grupo, a criança desenvolve a receptividade e a sensibilidade ao mundo exterior; aprende a vencer a timidez e insegurança, a colaborar e trabalhar em equipe, aprende a trocar e emprestar brinquedos; a conviver com outras crianças, a defender-se, se comunicar e se expressar melhor.

O mundo da criança com sua família está apoiado em bases sólidas e confiáveis. Um mundo mais amplo a espera para acrescentar sua parte ao que ela já construiu como modelo de vida. A partir daí, os pais podem então observar seu filho tornar-se uma criança como qualquer outra. A coisa mais importante que existe terá sido conquistada: uma outra pessoa.

Publicação: Março 2001 - Edição: 8




Adaptação Escolar
Simaia Sampaio


Seu filho vai à escola pela primeira vez. É normal que isto gere um misto de alegria e ansiedade, pois tudo aquilo que é novo e desconhecido é sempre encarado como um desafio e, no caso do período escolar, é um desafio para a criança, para os pais e para a escola. Como você pode ajudar a criança nesta nova socialização de sua vida?

Veja aqui algumas dicas:

1. Antes de mais nada, sentir confiança na escola que seu filho irá estudar é imprescindível. Antes de matriculá-lo procure ver se o método adotado corresponde às suas expectativas e crenças.

2. Muitos pais se perguntam qual a idade ideal para colocar seus filhos na escola. Alguns começam cedo, já no berçário e outros só após os dois anos. Isto deve variar conforme a necessidade e o modo de pensar dos pais. É certo que com três anos a criança já saberá expressar muito melhor suas necessidades, já não estará usando fraldas, mas não há problemas se a criança iniciar mais cedo, contanto que ela esteja bem adaptada. Você se surpreenderá com seu desenvolvimento.

3. É importante que você leve seu filho para conhecer a escola antes de iniciar as aulas. Mostre a ele as novidades, leve-o ao parquinho, à sala de aula, ao auditório, à quadra e em cada lugar vá explicando como vai ser bom e as coisas legais que ele vai fazer como jogar bola, pintar, desenhar, fazer colagem, aprender músicas etc.

4. Mostre o material como uniforme, lancheira, copinho etc, para que ele já se sinta parte integrante da escola.

5. Você deverá se programar para ficar na escola no período de sua adaptação. Para a criança, todos são estranhos e você será o suporte, o apoio. Lembre-se, porém, de não interferir nas atividades da professora. De preferência fique do lado de fora da sala e apareça de vez em quando. Vá espaçando este tempo até sentir que ele realmente não sentirá mais sua ausência.

6. Para o lanche procure enviar a quantidade que seu filho costuma comer e o que ele gosta. Envie sempre duas opções de lanche, pois ele irá reparar no lanche variado dos coleguinhas. Não envie refrigerantes, nem sucos, pois estes últimos perdem seu valor calórico após um período. Prefira que ele beba água ou um iogurte, ou leite achocolatado para acompanhar.

7. Se seu filho ainda usa fralda, não esqueça de mandar fraldas descartáveis e roupa extra. Normalmente a escola incentiva na retirada das fraldas levando todas as crianças em um dado momento ao banheiro. Mesmo assim, é normal que a criança urine e suje a roupa nesta fase.

8. Interesse-se pelas novidades que ele irá contar ao chegar em casa, tais como: aniversários, atividades, teatrinho, parque, pintura, hora do lanche, etc.

9. Procure sempre estar presente nas apresentações. Ele se sentirá orgulhoso. Leve máquina, filmadora e tudo que você, como mãe e pai corujas, têm direito. Não se envergonhe disto, pelo contrário, faça questão de mostrar a seu filho que você está sempre presente.

10. É normal que, mesmo a criança adaptando-se com facilidade, tenha uma recaída depois, seja porque um coleguinha o está incomodando, seja porque voltou de férias ou qualquer outro motivo. Neste caso, procure verificar o que está acontecendo e lhe dar muito apoio, conversando bastante. Se o caso for muito grave do tipo ele fazer escândalo para não ir à escola, procure ir junto, fazendo uma readaptação até ele se sentir seguro, mas não o tire da escola a não ser que o problema seja com a escola, aí sim é melhor trocar.

Atenção!

Não desista na primeira dificuldade. Muitos pais se sensibilizam com a resistência dos filhos à adaptação escolar e acabam retardando este momento. Não aconselho isto. O ideal é que você esteja ao lado dele e converse muito. O que você deve ter em mente é que estará preparando seu filho para conviver em sociedade, aprendendo a compartilhar, a ter limites, além de aprender o que todos esperam: a ler e escrever. Desde já parabéns e boa sorte!



Organizado por Ivanise Meyer®

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mensagem: As coisas que o afeto ensina

Mensagem: Início do Ano Letivo